Percy Jackson (Logan Lerman) é um menino que tem dificuldades na escola, por causa da sua dislexia e déficit de atenção, e de adaptação em geral. Tem somente um amigo e não consegue entender porque sua mãe gosta do padrasto, mesmo ele sendo um cara totalmente intolerável e repugnante. Mas tudo muda em sua vida quando é atacado por sua professora substituta, Mrs Dodds (Maria Olsen), que na verdade é uma Fúria (também conhecida como Erínia), questionando‑o sobre o esconderijo dos Raios. Este incidente acaba revelando que ele é um semideus, filho de Poseidon (Kevin McKidd), e que as pessoas mais próximas têm ligações com todo este mundo de mitos e magias.
Esta é a base do enredo de Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson and the Lightning Thief, EUA, 2010), de Chris Columbus, inspirado na obra de Rick Riordan. As comparações desta história com Harry Potter são inevitáveis, ainda mais pelo fato de Columbus ter dirigido os dois primeiros filmes da série. Como não li nenhum dos livros, de ambas as séries, e só assisti ao terceiro filme do Harry Potter, fico bem limitado pra fazer qualquer tipo de comparação, mas achei bem mais atraente o fato do filme ter como tema principal as mitologias em vez de bruxaria.
O filme mostra uma versão atualizada das mitologias, em conjunto com toda a modernidade do mundo atual, trazendo alguns resultados bem engraçados, como a utilização da parte espelhada de um iPod, para olhar a medusa, e um All Star com asas, para voar. O ritmo mais acelerado, como os mitos foram abordados, seguindo o fluxo das informações de hoje em dia, sem ficar se prendendo a longas explicações, também ficou bem interessante. Instigando mais facilmente a curiosidade de quem vê o filme, principalmente do público mais novo, para depois pesquisar, as informações, por si próprio.
Entretanto, há também uma aceleração na evolução dos personagens, que ficou, em certos momentos, atropelada. Não há, praticamente, aquela fase de transição que ocorre no conhecimento e aprendizado de uma nova técnica de luta, por exemplo. As coisas simplesmente vão acontecendo como se nada precisasse ser aprendido ou treinado. Isto lembra bastante alguns jogos de videogames, onde basta você ter o controle em mãos que, sem nenhuma ou quase nenhuma instrução, é possível fazer coisas incríveis com o seu personagem na tela. O que, de certa forma, pode dificultar o processo de envolvimento e possíveis identificações na jornada do herói Percy Jackson. Se a caracterização dos personagens, principalmente os deuses, e os cenários são pobremente elaborados, gerando a impressão de que você esta assistindo a uma montagem mal feita, da época grega, em um teatro barato, os efeitos especiais foram muito bem trabalhados, não havendo aquela sensação de que os seres mitológicos foram inseridos através da Chroma Key.
Percy Jackson e o Ladrão de Raios é um filme para quem está buscando por diversão e querendo conhecer, por alto, seres mitológicos vivendo no mundo atual. Além de ótimo, para instigar a curiosidade sobre este mundo de mitos e conhecimento, é perfeito para um entretenimento leve e engraçado.
O hotsite criado para a série (e usado para o filme também) possui informações sobre vários personagens, mas infelizmente cria certa confusão, pois vários detalhes não têm a ver com o que foi exibido no filme, mas sim com os livros. Ficou bem legal a ideia de criar um “perfil” de cada um desses personagens, parecido com o do Orkut, só que com informações adaptadas ao mundo atual, com uma lista de gostos para filmes, programa de TV, livros. Há até um espaço com comentário dos outros personagens da história. Mas tirando esta parte, o resto do site ainda possui um conteúdo e interatividade muito fraca com os visitantes, uma pena. Para quem se interessar, a Folha selecionou alguns personagens míticos do filme e colocou uma descrição sobre eles, segundo o Dicionário de Mitologia Grega e Romana (Jorge Zahar Editora), que pode ser vista clicando aqui.
Confira também a crítica deste filme no blog Claque ou Claquete, por Joba Tridente.
Trailer:
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