Crítica: Ervas Daninhas

ervas daninhas

O fur­to quase que banal de uma bol­sa, um romance ao mel­hor esti­lo parisiense, e um humor alfine­tan­do o esti­lo hol­ly­wood­i­ano de faz­er filmes. Tudo isso jun­to, em Ervas Dan­in­has (Les herbes folles, França, 2009), últi­mo filme do vet­er­a­no, Alain Resnais.

Mar­guerite (Sabine Azé­ma[bb]), não imag­i­na que o fur­to de sua bol­sa, pode­ria causar tan­tas con­tro­vér­sias em pouco tem­po. Georges (André Dus­sol­lier[bb]), um cinquen­tão que tem aparên­cia de um clás­si­co con­quis­ta­dor francês, é o homem que encon­tra a carteira per­di­da. Ele pas­sa a cri­ar mil situ­ações men­tais sobre seu pos­sív­el encon­tro com a dona, e não poupa esforços para desco­brir quem ela é de fato, crian­do uma espé­cie de obsessão por isso. Mar­guerite é uma den­tista apaixon­a­da por aviões, solteira e com cabe­los rebeldes e ver­mel­hos, o que lhe dá um ar de mul­her inde­pen­dente e livre.

O primeiro plano do filme é uma erva dan­in­ha, cresci­da sem­pre nos lugares mais impróprios, sem mui­ta per­mis­são. Assim como a relação de Georges e Mar­guerite, uma tro­ca de con­fusões e surg­i­men­tos inesperados.

Os dois vivem um flerte clás­si­co, deixan­do várias pis­tas suben­ten­di­das um para o out­ro no decor­rer da nar­ra­ti­va. Um pon­to forte na con­strução dos per­son­agens é como o pen­sa­men­to, numa espé­cie de nar­ração em Off, ori­en­ta a história, a deixan­do bem engraça­da em vários momen­tos. Mes­mo que o espec­ta­dor ten­ha con­sciên­cia do que o per­son­agem pen­sa, a sua ati­tude, assim como na vida real, nem sem­pre segue o pensamento.

Inspi­ra­do no romance L’Incident, de Chris­t­ian Gail­ly[bb], Ervas Dan­in­has é um típi­co filme de um remanes­cente da Nou­velle Vague, um movi­men­to sessen­tista francês. Mar­ca­do prin­ci­pal­mente pela que­bra de nar­ra­ti­va, Resnais con­strói o enre­do de for­ma con­fusa aos não ini­ci­a­dos, man­ten­do suas próprias car­ac­terís­ti­cas. Boa parte dos even­tos se mostram, proposi­tal­mente, de for­ma exager­a­da, como o mane­jo de câmera com planos super clichês, do cin­e­ma norte-amer­i­cano, tril­ha sono­ra que beira a cafon­ice (porém dan­do um charme sar­cás­ti­co) e as várias oscilações típi­cas de tem­po e espaço.

Alain Resnais não perdeu o charme, como muitos afir­mam. Creio estar em ple­na for­ma, aos 87 anos. Sem­pre foi car­ac­terís­ti­co na sua cria­tivi­dade e no seu ape­lo sen­so­r­i­al, mes­mo soan­do sem sen­ti­do às vezes. Não é difer­ente em Ervas Dan­in­has, que é um filme para dis­cu­tir a natureza humana, assim como uma críti­ca em relação ao cin­e­ma de puro entreten­i­men­to. Resnais con­tin­ua afir­man­do que o cin­e­ma, mes­mo sendo uma arte de ficção, traz à tona a exper­iên­cia do tele­spec­ta­dor, o con­frontan­do com ati­tudes (e pes­soas) muitos próx­i­mos da vida real.

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Trail­er:

httpv://www.youtube.com/watch?v=2c_8fXojHcA

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