Livro: Estive em Lisboa e Lembrei de Você — Luiz Ruffato

Estive em Lisboa e Lembrei de Você

Em mea­d­os de 2005 foi cri­a­do o pro­je­to Amores Expres­sos. Nele, dezes­seis escritores brasileiros via­jari­am para diver­sas cidades ao redor do mun­do e cada um iria escr­ev­er um romance basea­do em sua viagem. O pro­je­to cau­sou as mais diver­sas reações, pois se ques­tion­a­va de onde iria sair o din­heiro para custear as via­gens, e se era necessário que saíssem do país para bus­car inspi­ração. Entre ess­es escritores esta­va Luiz Ruffa­to, e o resul­ta­do da viagem dele foi o livro Estive em Lis­boa e Lem­brei de Você.

Polêmi­cas à parte, Ruffa­to é bas­tante con­heci­do no meio literário con­tem­porâ­neo. Nasci­do em Minas Gerais, na cidade de Cataguas­es, já gan­hou diver­sos prêmios impor­tantes, como o da APCA (Asso­ci­ação Paulista de Críti­cos de Arte) e o Macha­do de Assis, da Fun­dação Bib­liote­ca Nacional. Algu­mas de suas obras mais impor­tantes são Eles eram muitos cav­a­l­os e a série Infer­no Pro­visório.

Em Estive em Lis­boa e Lem­brei de Você, Ruffa­to foi a Lis­boa e nos trouxe a história de um rapaz chama­do Sergin­ho. Des­gos­toso com a vida que lev­a­va no Brasil, após prob­le­mas amorosos e finan­ceiros, ele con­ver­sa com seu Oliveira (por­tuguês res­i­dente de sua cidade) e resolve ir para Lis­boa “ten­tar a vida”. Após o choque ini­cial, Sergin­ho se adap­ta à vida por­tugue­sa e começa a tra­bal­har como garçom. Faz amizades, aprende um novo vocab­ulário e se aven­tu­ra pela cidade. Logo no iní­cio do livro encon­tramos uma nota do autor dizen­do que este foi basea­do numa entre­vista que ele fez com Sér­gio de Souza Sam­paio, o Serginho.

Luiz Ruffa­to tem uma imen­sa facil­i­dade para retratar cidades. Em Eles eram muitos cav­a­l­os ele fala de São Paulo com taman­ha intim­i­dade que se pode imag­i­nar que ele seja paulis­tano. O mes­mo acon­tece com Estive em Lis­boa e Lem­brei de Você. O autor con­segue descr­ev­er as diver­sas par­tic­u­lar­i­dades da cidade, com um tom literário que poucos con­seguem cri­ar. Sua prosa é bas­tante fluí­da, com poucos pará­grafos e sua escri­ta con­tínua faz com que o leitor entre em con­ta­to dire­to com seus personagens.

Ruffa­to não criou nen­hu­ma for­ma nova na Lit­er­atu­ra, mas trouxe uma sim­pli­ci­dade envol­vente que há muito não víamos na Lit­er­atu­ra. E inclu­sive, o autor esteve entre os final­is­tas do Prêmio São Paulo de Lit­er­atu­ra 2010, junta­mente com nomes da lit­er­atu­ra con­tem­porânea como Chico Buar­que e Bernar­do Car­val­ho.

Infe­liz­mente, pou­ca atenção é dada à lit­er­atu­ra con­tem­porânea, prin­ci­pal­mente nas salas de aula. Muito tem acon­te­ci­do em nos­so meio literário, muitos escritores surgem com obras inter­es­santes e com pen­sa­men­tos que mere­cem ser con­heci­dos. Ruffa­to tem um papel impor­tante nesse meio, pois suas obras são um óti­mo exem­p­lo da lit­er­atu­ra con­tem­porânea brasileira, reflexo da soci­dade que vive­mos e dos cos­tumes dessa ger­ação. Ape­sar de ter óti­mos tra­bal­hos pub­li­ca­dos ele ain­da não é recon­heci­do pelo grande públi­co. Esper­amos que essa situ­ação mude muito em breve.


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