Crítica: Comer, Rezar, Amar

Basea­do no best-sell­er homôn­i­mo da escrito­ra Eliz­a­beth Gilbert, Com­er, Rezar, Amar (Eat, Pray, Love”, USA, 2010), dirigi­do por Ryan Mur­phy, segue os padrões hol­ly­wood­i­anos na bus­ca do maior ibope e, é claro, do maior lucro.

Liz Gilbert (Julia Roberts) é uma mul­her mod­er­na que ape­sar de ter tudo o que é cul­tur­a­mente dito ser necessário para ela (mari­do, emprego, din­heiro e suces­so), se sente infe­liz e cada vez mais estag­na­da. Após se divor­ciar do seu fra­cas­sa­do casa­men­to e con­seguir sen­tir nova­mente o gos­to de viv­er inten­sa­mente e ser mais com­ple­ta, decide par­tir em uma jor­na­da físi­ca e espir­i­tu­al, para lit­eral­mente com­er, rezar e amar.

Com­er, Rezar, Amar pos­sui um esti­lo bem de diário pes­soal de viagem, com a pro­tag­o­nista rev­e­lando suas peque­nas con­quis­tas, angús­tias e dese­jos a respeito dos acon­tec­i­men­tos vivi­dos. Por isso mes­mo, tra­ta-se de uma visão bem fem­i­ni­na dos fatos, a qual talvez não agrade muito o públi­co mas­culi­no em ger­al (“filme de meni­na” segun­do o Rubens Ewald Fil­ho). Mas não estou de for­ma nen­hu­ma levan­do esta afir­mação ao extremo, para mim não foi um fator que chegou a incomodar.

É inter­es­sante notar o com­por­ta­men­to de Liz Gilbert durante Com­er, Rezar, Amar como uma mera tur­ista, onde as filosofias e ensi­na­men­tos são ape­nas con­sum­i­dos, como quan­do você com­pra uma peque­na estat­ue­ta, para se adap­tar à sua real­i­dade amer­i­cana, não haven­do uma trans­for­mação mais pro­fun­da de val­ores. Aliás, o filme brin­ca as vezes com essa dual­i­dade entre ape­nas con­sumir val­ores de out­ras cul­turas como mero obje­to dec­o­ra­ti­vo, só que de maneira extrema­mente sutil, talvez até não inten­cional, como em sua com­pul­são de ter que com­prar peque­nas estat­ue­tas e sím­bo­los e de pre­cis­ar um quar­to todo dec­o­ra­do para meditação.

O pon­to alto do filme está em sua pas­sagem pela Itália com as tomadas exibindo pratos típi­cos, assim como par­cial­mente a preparação deles, que são de dar água na boca. Além dis­so, é bem diver­tido a expli­cação, e demon­stração, de como os ital­ianos se comu­ni­cam e o que se deve faz­er para se apren­der este idioma. Tam­bém temos belas ima­gens da Índia e Indonésia, ape­sar de que todos os lugares, pes­soas e cos­tumes de Com­er, Rezar, Amar seguem a visão amer­i­cana estereoti­pa­da dos out­ros país­es (os ital­ianos ficaram bem inco­moda­dos, veja o porque). Para reforçar mais ain­da este con­ceito, temos um per­son­agem brasileiro que diz que aqui é nor­mal os pais bei­jarem os fil­hos na boca. Pelo menos não ser­e­mos mais lem­bra­dos ape­nas só pelo car­naval, fute­bol e macacos.

Com­er, Rezar, Amar é aque­le típi­co filme para se sair da sessão com um sen­ti­men­to de com­ple­tude, depois de uma boa lon­ga, até demais, dose de auto-aju­da. Mas isso sem ter se apro­fun­da­do muito em nen­hum assun­to e tam­bém evi­tan­do tópi­cos mais incô­mo­d­os e del­i­ca­dos, para poder preser­var uma cul­tura do con­sumir, ado­rar e casar (falan­do em matrimônio, breve­mente a auto­ra lançará um novo livro jus­ta­mente sobre este tema).

Out­ras críti­cas interessantes:

Trail­er:

httpv://www.youtube.com/watch?v=LIGfQYg4lSQ


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Dossiê Daniel Piza
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