Crítica: Wall Street — O Dinheiro Nunca Dorme

wall street - o dinheiro nunca dorme

Con­tin­u­ações de filmes cos­tu­mam ser um assun­to bem del­i­ca­do, ain­da mais se for de um lon­ga con­sid­er­a­do cult pelo públi­co. Wall Street: O Din­heiro Nun­ca Dorme (Wall Street: Mon­ey Nev­er Spleeps, EUA, 2010), do dire­tor Oliv­er Stone, tam­bém respon­sáv­el pelo primeiro lon­ga lança­do na déca­da de 80, con­seguiu nes­ta sequên­cia não só atu­alizar a história, mas tam­bém man­ter todo o cli­ma que con­quis­tou milhões.

Jacob “Jake” Moore (Shia LaBeouf) é um nova­to cor­re­tor da Bol­sa de Val­ores norte-amer­i­cana e namora­do de Win­nie (Carey Mul­li­gan), a fil­ha do famoso investi­dor Gor­don Gekko (Michael Dou­glas), que acabou de sair da prisão onde ficou durante vinte anos. Quan­do seu men­tor morre, Jake procu­ra vin­gança e vê Gekko como um per­feito ali­a­do para ajudá-lo a colo­car seus planos em prática.

O enre­do de Wall Street: O Din­heiro Nun­ca Dorme usa como base o colap­so que a econo­mia sofreu recen­te­mente, desen­vol­ven­do boa parte da sua tra­ma em cima das difi­cul­dades de seus per­son­agens em con­torná-la. É curioso que o per­son­agem Gekko, foi uma grande influên­cia para os cor­re­tores do mun­do real (após a déca­da de 80) com sua famosa frase: “a ganân­cia é boa”. De cer­ta for­ma, isto pode ter acel­er­a­do o desen­volvi­men­to da crise atu­al (um inter­es­sante caso onde a ficção atua sobre a real­i­dade) e, neste novo lon­ga, ele jus­ta­mente crit­i­ca as con­se­quên­cias deste com­por­ta­mente ganan­cioso, que acabou se tor­nan­do algo legal­iza­do e nor­mal no mer­ca­do. Se alguém quis­er enten­der um pouco sobre a crise finan­ceira, recomen­do o doc­u­men­tário Zeit­Geist 2: Adden­dum.

O grande astro do filme é nova­mente Michael Dou­glas, com uma óti­ma (re)interpretação do seu per­son­agem, que con­tin­ua afi­a­do em soltar fras­es de impacto e cati­var todos (inclu­sive a platéia do cin­e­ma) com seu dis­cur­so inteligente e cal­cu­la­do. Infe­liz­mente o mes­mo não acon­tece com os out­ros dois per­son­agens prin­ci­pais, inter­pre­ta­dos por Shia LaBeouf e Carey Mul­li­gan, que não con­seguem ser con­vin­centes em suas moti­vações e dese­jos, fican­do entre o vazio e o mecânico.

O filme é cheio de refer­ên­cias ao primeiro, ape­sar de não ser um req­ui­si­to tê-lo vis­to, quem já assis­tiu irá se diver­tir com elas (inclu­sive há algu­mas sur­pre­sas total­mente ines­per­adas). O rit­mo de como as infor­mações são pas­sadas tem a mes­ma fre­neti­ci­dade, quem não entende muito da bol­sa de val­ores se sen­tirá meio per­di­do (como acon­te­ceu comi­go em ambos os filmes). Um pon­to inter­es­sante, não só neste neste Wall Street: O Din­heiro Nun­ca Dorme, mas nos lon­gas mais novos em ger­al, é que tudo acon­tece de maneira tão fácil, difi­cil­mente se mostra o proces­so para que um feito seja conquistado.

Qual­quer fã de com­puta­dores ficará de boca aber­ta quan­do ver os escritórios pre­sentes no filme, com com­puta­dores lig­a­dos a vários mon­i­tores e orga­ni­za­dos de maneira que o mega­com­puta­dor uti­liza­do em A Sen­ha: Sword­fish, não parece mais algo longe da real­i­dade. Aliás, Wall Street: O Din­heiro Nun­ca Dorme remete bas­tante à filmes que retratam hack­ers e o mun­do vir­tu­al. Ele pos­sui tomadas que são muito sim­i­lares ao Hack­ers — Piratas de Com­puta­dor, de Iain Soft­ley, na for­ma que rep­re­sen­ta a cidade vir­tu­al de infor­mações da bol­sa de val­ores e tam­bém na famosa pro­jeção do con­teú­do do mon­i­tor na face do per­son­agem. Além dis­so algu­mas tomadas imi­tam o que seria uma inter­face de comu­ni­cação entre várias pes­soas ao mes­mo tem­po, para assim rep­re­sen­tar as comu­ni­cações instan­tâneas, e para­le­las, muito pre­sentes na inter­net. Aliás, é bem inter­es­sante tam­bém como é rep­re­sen­ta­do a difer­ença entre os jovens acionistas, que estão sem­pre falan­do com muitas pes­soas pelo tele­fone e com­puta­dor, e os já vel­hos chefões do sis­tema, em reuniões pres­en­ci­ais em salas que mais pare­cem caste­los da monarquia.

Um aspec­to fotográ­fi­co inter­es­sante no Wall Street: O Din­heiro Nun­ca Dorme são as suas lon­gas tomadas aéreas pela cidade e entre os pré­dios, com con­stante movi­men­to. Pena que por algum tipo de “erro”, prin­ci­pal­mente no foco, as vezes as ima­gens provo­cam um sen­ti­men­to desagradáv­el e um cer­to “trava­men­to” (pare­cen­do um vídeo no youtube que ain­da não car­regou total­mente). Em con­tra­parti­da as cenas den­tro da cidade, e das pes­soas, são total­mente clichês e a tril­ha sono­ra tam­bém não foge do esper­a­do, uti­lizan­do músi­cas “certeiras” para enfa­ti­zar cer­tas emoções.

Wall Street: O Din­heiro Nun­ca Dorme é uma con­tin­u­ação que provavel­mente irá agradar os fãs, e tam­bém aque­les que não con­hecem, o primeiro lon­ga. Pena que o final acabou sendo meio infiel á tra­jetória orig­i­nal, sem aque­la “mal­dade” e cin­is­mo que o havia tor­na­do tão atraente.

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Out­ras críti­cas interessantes:

  • Marce­lo For­lani, no Omelete
  • Rubens Ewald Fil­ho, no R7
  • Ana Mar­tinel­li, no Cineclick

Trail­er:

httpv://www.youtube.com/watch?v=695gKYPs5Og


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