Café Literário: Ruy Castro e Guilherme Fiuza

A Biografia é um dos esti­los literários que mais gera con­tro­vér­sia, prin­ci­pal­mente dev­i­do ao ques­tion­a­men­to sobre em que momen­to está se rela­tan­do fatos ou crian­do uma ficção sobre a vida de deter­mi­na­da per­son­al­i­dade. A par­tir desse tema per­ti­nente foi que Ruy Cas­tro e Guil­herme Fiuza (vis­ite tam­bém o seu blog) dis­cu­ti­ram o tema Biografia: em bus­ca de uma grande história, dia 09 de out­ubro, no Café Literário na edição de 2010 da Bien­al do Livro Paraná.

Ruy Cas­tro é jor­nal­ista e con­sid­er­a­do um dos maiores biografis­tas brasileiros, ten­do escrito sobre a vida de grandes per­son­al­i­dades como Nel­son Rodrigues e o jogador Gar­rin­cha, além de ter tam­bém obras com tex­tos reunidos. Já Guil­herme Fiuza é jor­nal­ista e bas­tante con­heci­do por atu­ar em col­u­nas sobre políti­ca em jor­nais, revis­tas e por­tais na inter­net. Ficou con­heci­do pelo livro Meu Nome Não é John­ny, sobre a história do traf­i­cante João Guil­herme Estrel­la, que ficou em foco com a adap­tação cin­e­matográ­fi­ca homôn­i­na por Mau­ro Lima.

A dis­cussão teve como base na aceitação da biografia como Lit­er­atu­ra nar­ra­da em fatos reais, sem nec­es­sari­a­mente ser uma ficção. Ambos os autores reforçaram que o bom bió­grafo é antes de tudo um óti­mo jor­nal­ista e/ou repórter, o definin­do como um facil­i­ta­dor de infor­mações. Afi­nal, um bió­grafo que queira se focar no rela­to da vida de uma per­son­al­i­dade de for­ma con­cisa e atraente, deve estar dis­pos­to a ser um exce­lente pesquisador e saber aproveitar cada infor­mação rece­bi­da em favor do texto.

Os dois bió­grafos per­me­ar­am o diál­o­go rela­tan­do suas próprias exper­iên­cias na bus­ca de mate­ri­ais e doc­u­men­tos e falaram sobre as for­mas usadas para darem vida a todas as infor­mações. Ruy Cas­tro reforça que cada doc­u­men­to rece­bido por famil­iares e ami­gos é dado como ouro para a pro­dução. Aliás, a família é con­sid­er­a­da muito impor­tante por ambos, mas estes tam­bém podem ger­ar prob­le­mas. Ruy con­ta que uma ver­dadeira biografia não é uma ¨biografia autor­iza­da¨, pois a par­tir do momen­to que o bió­grafo depende de autor­iza­ções, o tex­to vai se tor­nan­do ape­nas o que a família quer con­tar e não o que inter­es­sa aos leitores. Por­tan­to, o papel do bió­grafo é o de sele­cionar fatos impor­tantes e não deixar que eles depen­dam exclu­si­va­mente de terceiros.

Ape­sar de Ruy Cas­tro e Guil­herme Fiuza serem bió­grafos, con­tem­porâ­neos entre si, dis­cor­dam em relação ao tipo de biografia a escr­ev­er. Ruy acred­i­ta que para uma biografia ser de fato inter­es­sante e per­ti­nente, a per­son­al­i­dade relata­da deve estar mor­ta há algum tem­po, pois acred­i­ta que o ciclo dessa pes­soa deve estar fecha­do. Já Fiuza não acred­i­ta que isso deva ser lev­a­do tão a sério, sendo que o mes­mo escreveu a biografia do humorista Bus­sun­da logo que este fale­ceu e tam­bém a de João Guil­herme Estrel­la, que ain­da está vivo.

O debate foi inten­so mas infe­liz­mente, os dois autores acabaram se focan­do muito em suas exper­iên­cias com cada obra já escri­ta, o que deixou o debate menos con­sis­tente em relação ao tema ini­cial. Mas ao fim ficou claro que o bió­grafo não depende somente de boas fontes, mas tam­bém de uma exce­lente bagagem cul­tur­al que o per­mi­ta enten­der e decidir que tipo de infor­mações são rel­e­vantes aos leitores. A biografia é um esti­lo literário sim, que trans­for­ma a real­i­dade numa ficção por tam­bém ser rec­hea­da de histórias e per­son­agens que con­stroem uma narrativa.

O inter­ro­gAção gravou em áudio todo esse bate-papo e se você quis­er pode escu­tar aqui pelo site, logo abaixo, ou baixar para o sue com­puta­dor e ouvir onde preferir.

Ouça a palestra com­ple­ta: (clique no link abaixo para ouvir ou faça o down­load)

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