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Crítica: O Primeiro que Disse
Os americanos que me perdoem, mas ainda têm muito a aprender com as comédias européias. Dotado de um bom humor peculiar, O primeiro que Disse (Mine Vaganti, Itália, 2010), do diretor Ferzan Ozpetek, traz uma situação inusitada numa clássica família italiana, ou seja, dramas e comédias garantidas.
Tommaso (Ricardo Scamarcio) volta de Roma para a cidade de Lecce na Itália para finalmente assumir, juntamente com seu irmão Antonio, a fábrica de massas da família. Ele está decidido a abrir mão desse patrimônio e revelar que deseja ser escritor, e principalmente, assumir que é gay e tem um parceiro o esperando em Roma. Mas Tommaso não contava com as surpresas que viriam a se suceder com a sua chegada no casarão da família Cantone, repleta de manias, segredos e tradições.
Quem conhece famílias italianas já sabe que tudo pode acontecer quando todos os membros se reúnem, existe todo um jogo de aparências a ser mantido e a decisão de ser você mesmo não é uma das melhores opções. O diretor turco, gay assumido e erradicado na Itália, soube usar todos os aspectos dos costumes italianos em favor da direção de O primeiro que Disse, principalmente as figuras de homens bonitos, possivelmente machos alfas, mas completamente gays com direito aos trejeitos mais engraçados possíveis.
As atuações são ótimas, Ricardo Scarmacio é um galã conhecido da mídia italiana e deu um grande passo na carreira ao interpretar Tomasso. Aliás, todos os homens do longa são dotados de ótima aparência o que torna o filme, em inúmeros momentos, mais divertido e interessante por apresentar formas totalmente inconvencionais dos clichês. Para não cair no pastelão o drama de O primeiro que Disse fica por conta da avó de Tomasso, interpretada por Ilaria Occhine, uma senhora cheia de segredos e bonitas lições durante todo o enredo.
A homossexulidade tem se tornado um tema mais frequente nos longas americanos, mas ainda é tratado de forma puritana e até de forma repetitiva. Uma pena que filmes como O primeiro que Disse saiam tão timidamente nos cinemas, ora por puritanismo ou por marketing mesmo. Lembrando que o mediano Minhas mães e meus pais teve toda sua pompa em torno de um casal homossexual que não convence tanto, mas é americano e concorreu ao Oscar. De fato, é do outro lado do oceano que tem vindo filmes delicados e inteligentes em torno do assunto, principalmente se tocado em questões tradicionais como fez o ótimo e sensível Pecado da Carne.
O diretor Ozpetek já é conhecido por filmes com temática homossexual, infelizmente não assisti nenhum deles mas posso afirmar que O primeiro que Disse é um filme que vale o ingresso, principalmente por fugir dos eternos clichês americanos que não cansam de se repetir quase todas as semanas nas estreias nos cinemas.
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=3r8WWu9d_PM
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