Crítica: Uma Manhã Gloriosa

No cin­e­ma, repetições de fór­mu­las podem ser perigosas. Um roteiro leviano pode faz­er um enorme suces­so nas mãos de alguns dire­tores e pro­du­tores, mas infe­liz­mente o inver­so é bem mais comum, prin­ci­pal­mente quan­do o lon­ga é volta­do para o cin­e­ma de entreten­i­men­to. Uma man­hã Glo­riosa (Morn­ing Glo­ry, EUA, 2010), de Roger Michell, com­pro­va que nem mes­mo os bons cur­rícu­los de dire­tor e roteirista pode sal­var um lon­ga com argu­men­to fraco.

Becky Fuller é mais uma garo­ta do inte­ri­or que son­ha em ser uma pro­du­to­ra de noti­ciários matuti­nos — bem comum nos E.U.A. — de uma das maiores emis­so­ras do país. Ela é ded­i­ca­da e com­ple­ta­mente worka­holic até que um dia, esperan­do uma pro­moção, ela é man­da­da emb­o­ra. Como bom roteiro de auto-aju­da amer­i­cano, Fuller não desiste e acei­ta a primeira opção que lhe aparece, pro­duzir um noti­ciário em decadên­cia, o Day­break. Além de lidar com a fal­ta de cria­tivi­dade dos profis­sion­ais, o maior desafio da jovem será lidar com um grande jor­nal­ista de out­ro­ra que não acei­ta desem­pen­har nen­hu­ma espé­cie de papel que pos­sa estra­gar sua reputação.

O assun­to do Uma man­hã Glo­riosa por si só, não con­vence para o públi­co brasileiro. Não temos o esti­lo de jor­nal­is­mo tele­vi­si­vo prat­i­ca­do nos E.U.A. e lidamos mais com as estre­las que apre­sen­tam os pro­gra­mas, sendo que o tra­bal­ho por trás das câmeras é menos val­oriza­do e inter­es­sante ao grande públi­co nacional. A pro­tag­o­nista, Rachel McAdams, até parece se esforçar em ter uma per­son­agem caris­máti­ca mas aca­ba fican­do numa lenga-lenga sem fim com os per­son­agens — muito fra­cos por sinal — de Diane Keaton e o grande Har­ri­son Ford, esse últi­mo até que sal­va em muitos momen­tos o sono arrebata­dor den­tro da sala de cinema.

O dire­tor e a roteirista de Uma man­hã Glo­riosa, em out­ros tem­pos, assi­naram roteiros de comé­dias bem suce­di­das como O Dia­bo Veste Pra­da e Um lugar chama­do Not­ting Hill, sendo que o atu­al tra­bal­ho é bas­tante car­ente do caris­ma que cobria os argu­men­tos dos out­ros. O lon­ga segue um rit­mo muito enro­la­do e quan­do con­segue algu­mas piadas, sim­ples­mente as banal­iza a pon­to de irri­tar o espec­ta­dor porque aca­ba sendo algo tão clichê, que nem rísiv­el se tor­na. Aliás, é bas­tante car­ente de bons ele­men­tos que fun­cionam para entreter o grande públi­co, como por exem­p­lo a fal­ta de um romance estratégi­co — que no lon­ga é um vai-não-vai — e a grande lição, que nor­mal­mente ficaria no fim da exibição, é ape­nas suben­ten­di­da numa cena per­to do final.

O cin­e­ma amer­i­cano con­tin­ua com uma crise pro­fun­da em filmes de entreten­i­men­to, Uma man­hã Glo­riosa é mais um deles, e em 2011 ain­da não hou­ve um lança­men­to mais pon­der­a­do e aceitáv­el. No gênero de comé­dia, o jeito é esper­ar o humor de Woody Allen em seu próx­i­mo tra­bal­ho, ou ir até uma locado­ra e reforçar os clás­si­cos da sessão da tarde da déca­da de 90.

Par­ticipe tam­bém da Pro­moção Uma Man­hã Glo­riosa e con­cor­ra a con­vites para ver o filme de graça.

Out­ras críti­cas interessantes:

  • Éri­co Bor­go, no Omelete
  • Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=4g2i7RIMpY0


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