Crítica: Gigantes de Aço

Não, não se assuste quan­do pas­sar a primeira meia hora de Gigantes de Aço (Real Steel, E.U.A., 2011) e você acred­i­tar estar ven­do um remake revis­i­ta­do de filmes dos anos 80 e 90 estre­la­dos pelo bom e vel­ho Stal­lone. Parece que Shawn Levy não rene­ga em nada a fonte que bebeu para dar vida ao lon­ga que prom­ete ren­der uma boa bil­hete­ria nas próx­i­mas semanas.

Char­lie Ken­ton, inter­pre­ta­do por um Hugh Jack­man com ray­ban e humor típi­cos, é um ex-box­eador frustra­do. Lá pelo ano de 2020 o boxe foi instin­to como esporte, robôs enormes são a sen­sação das lutas nos ringues e Ken­ton é um pro­mo­tor destes que cir­cu­la com as máquinas, den­tro de um cam­in­hão vel­ho, atrás de din­heiro. Sem­pre sem des­ti­no, o homem vai se sen­tir acoa­do quan­do sua ex-mul­her morre e deixa o fil­ho de 11 anos sob a custó­dia dele.

De fato, o enre­do de Gigantes de Aço se assemel­ha muito a um mix de Fal­cão e a série Rocky Bal­boa. Basea­do no con­to Steel de Richard Math­e­son — que escreveu out­ros livros que der­am origem a filmes como o Eu Sou a Len­da — o lon­ga apela pelos laços entre per­son­agens e men­sagens de não desistên­cia e é inegáv­el que faz isso muito bem. Mes­mo ten­do todos os clichês pos­síveis e esper­a­dos, como a história de pai e fil­ho que ten­tam se encon­trar através de gos­tos e von­tades em comum, man­tém firme o espec­ta­dor que se pega fazen­do o mais clichê que é sim­ples­mente ficar na tor­ci­da que tudo acabe sain­do da mel­hor forma.

Inter­es­sante que o cli­ma futur­ista não ficou arrisca­do, ou até exager­a­do, com a pre­sença dos robôs. Pas­san­do longe de fran­quias barul­hen­tas do esti­lo Trans­form­ers, o Gigantes de Aço apos­ta num futuro próx­i­mo bem comum com detal­h­es plausíveis e sim­ples de tec­nolo­gia, como alguns com­puta­dores e tablets con­tro­ladores dos robôs. Inclu­sive, as próprias máquinas são sim­ples e bem con­vin­centes, lem­bran­do muito as miniat­uras japone­sas que as cri­anças cos­tu­mam brincar.

Talvez Hugh Jack­man não seja o mais novo Stal­lone, mas é bem níti­da a influên­cia nos tre­jeitos do Ken­ton-pai. Mas quem rou­ba a cena mes­mo é o meni­no Dako­ta Goya que sem­pre tem fras­es esper­tas sem pre­cis­ar pare­cer cri­ança-prodí­gio. Já Evan­ge­line Lil­ly (ex-Lost), que seria o par român­ti­co de Jack­man, aca­ba ten­do uma per­son­agem bem secundária, como já vem ocor­ren­do numa série de últi­mos lon­gas com out­ras belas atrizes.

Nas últi­mas sem­anas parece que dire­tores que andaram muito tem­po em baixa, resolver­am apos­tar em novas ten­ta­ti­vas. Shawn Levy vem de uma safra muito ruim de direções, com comé­dias como Uma Noite no Museu e out­ras român­ti­cas do esti­lo Uma noite Fora de Série e arrisco em diz­er que Gigantes de Aço é o mel­hor filme que o dire­tor já pos­sa ter colo­ca­do o dedo. Talvez se ini­cie uma nova fase para dire­tores saírem da mesmice exager­a­da com­er­cial e pos­sam apos­tar em algo com car­ac­terís­ti­cas de ven­da sem subes­ti­mar o espectador.

E mes­mo que Gigantes de Aço seja con­sid­er­a­do um pas­tiche futur­ista de filmes que der­am tão cer­to, é inevitáv­el não cair nas graças do lon­ga. Se as fór­mu­las fun­cionaram tão bem na época, porque não causari­am efeito hoje, já que esta­mos imer­sos em um razoáv­el número de filmes sem o mín­i­mo de qual­i­dade? Vale a pena o ingres­so, a pipoca e a vel­ha emoção de torcer pelo melhor.

Trail­er:

httpv://www.youtube.com/watch?v=p0UwOT-9pwk


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