Crítica: O Espião que sabia demais

O mun­do da espi­onagem sem­pre fas­ci­nou muitas pes­soas com todos os seus que­bra-cabeças, armas e equipa­men­tos. Prin­ci­pal­mente nos últi­mos anos, este uni­ver­so foi inun­da­do com mui­ta ação, explosões, locações exóti­cas, mul­heres boni­tas e um rit­mo tão rápi­do, que as vezes mal dá para res­pi­rar. Indo total­mente con­tra esta tendên­cia, O Espião Que Sabia Demais (“Tin­ker, Tai­lor, Sol­dier, Spy”, Reino Unido/França/Alemanha, 2011), dirigi­do por Tomas Alfred­son, explo­ra a fun­do a capaci­dade de um espião de pesquisa, faz­er conexões e saber esper­ar o momen­to exa­to de agir.

A história se pas­sa no final da Guer­ra Gria, onde George Smi­ley (Gary Old­man), vet­er­a­no da Cir­cus, a divisão de elite do Serviço Secre­to Inglês, é chama­do para desco­brir quem é o agente dup­lo que tra­bal­ha já há vários anos para os soviéti­cos den­tro deste sele­to grupo. Em um uni­ver­so onde a dis­sim­u­lação é essen­cial para a sobre­vivên­cia, encon­trar o traidor entre ess­es profis­sion­ais alta­mente treina­dos pelo seu próprio país, não será uma tare­fa nada fácil.

Adap­ta­do do livro homôn­i­mo de John Le Car­ré, lança­do aqui no Brasil pela Record, O Espião Que Sabia Demais segue um viés bem difer­ente do mun­do cri­a­do, por exem­p­lo, pelo escritor Ian Flem­ing em James Bond, ou até por espiões mais atu­ais como Ethan Hunt, do recente Mis­são Impos­sív­el 4 — Pro­to­co­lo Fan­tas­ma, ou do Jason Bourne. Aqui, difi­cil­mente uma arma de fogo é uti­liza­da e o proces­so de espi­onagem envolve basi­ca­mente a habil­i­dade de desco­brir infor­mações e conec­tá-las, muitas vezes por lon­gas horas soz­in­ho den­tro de um quar­to escuro com uma pil­ha de papéis.

Lidar com essa quan­ti­dade gigante de infor­mações aca­ba tam­bém sendo uma tare­fa para o próprio espec­ta­dor de O Espião Que Sabia Demais, que é con­stan­te­mente envolvi­do por nomes — um pesade­lo para mim que tem difi­cul­dade em lem­brar nomes dos per­son­agens -, fatos históri­cos e peque­nas sutilezas ocor­ri­das no decor­rer da história. Por con­ta deste aspec­to, o filme aca­ba pos­suin­do um rit­mo mais pesa­do — ape­sar de o trail­er dar uma impressão difer­ente -, mas não nec­es­sari­a­mente lento, neces­si­tan­do uma grande atenção de quem está assistin­do. Ape­sar dis­so, há cenas de extrema ten­são, que aju­dam o acom­pan­hamen­to da tra­ma mais facilmente.

O dire­tor Tomas Alfred­son man­têm em O Espião Que Sabia Demais todo um cli­ma som­brio e meio mór­bido, enfa­ti­zan­do a monot­o­nia dos ambi­entes retrata­dos, que ficaram bem car­ac­terís­ti­cos em Deixe Ela Entrar, filme pelo qual ficou mais con­heci­do por aqui.

Um fato inter­es­sante é que o autor John le Car­ré, pseudón­i­mo de David John Moore Corn­well, já havia sido um espião britâni­co do MI6, ten­do lança­do seu primeiro livro enquan­to ain­da exer­cia a profis­são. Mas ele teve que largar a car­reia porque sua iden­ti­dade, jun­to com a de out­ros espiões, havia sido rev­e­la­da por um agente duplo.
O Espião Que Sabia Demais defin­i­ti­va­mente não é aque­le filme para se assi­s­tir com um balde de pipoca e uma pos­tu­ra pas­si­va para rece­ber tudo masti­ga­do na sua frente. Ele está mais para um leitu­ra de um bom livro onde a sua atenção é estri­ta­mente necessária para entrar nesse mun­do som­brio e silen­cioso da espionagem.

Para quem gos­ta, recomen­do tam­bém a tril­ha sono­ra do filme O Espião Que Sabia Demais, total­mente instru­men­tal, que pode ser escu­ta­da na inte­gra no site ofi­cial da mesma.
Trail­er:

httpv://www.youtube.com/watch?v=zT9aWRlB7Xw


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